Nessa segunda-feira, 12, a Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe (OAB/SE), por meio do Memorial da Advocacia Sergipana, com o apoio da Escola Superior de Advocacia de Sergipe (ESA), realizou o Webinário Conhecendo e Preservando a Cultura e a Memória Sergipana. O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em Sergipe, Diego Amarante; e a curadora do Memorial da Advocacia Sergipana, Manuella Vergne, foram os palestrantes do evento.
A abertura do Webnário foi feita pelo diretor geral da ESA, Kleidson Nascimento. Na oportunidade, ele ressaltou a importância da iniciativa e a temática abordada no evento. “É um evento idealizado pela Curadora do Memorial da Advocacia Sergipana, Manuella Vergne, que a OAB tem a honra de realizar em um momento tão importante para a cultura nacional e, sobretudo, a sergipana. Vamos debater questões que são caras a sociedade como um todo e não somente para a advocacia, sempre trazendo essa ligação da advocacia com o seu berço, que é a sociedade”, afirmou.
Kleidson disse ainda que preservar a memória e instigar os assuntos culturais fazem parte do cerne da OAB também. “A Escola Superior de Advocacia tem a missão de levar não só capacitação técnica, mas também capacitação profissional e eventos culturais a todos os seus pares”, salientou.
A Curadora do Memorial da Advocacia Sergipana, Manuella Vergne, agradeceu a OAB e a ESA por terem sempre abraçado os projetos do Memorial. Ela também destacou a participação do palestrante e superintendente do IPHAN Sergipe, Diego Amarante.
“Quando penso em cultura eu sempre falo que a gente tem que ter um olhar multidisciplinar sobre a ideia do que é cultura, do que é memória e do que é preservação do patrimônio cultural e momentos como esses são de suma importância para a gente poder conhecer um pouquinho mais sobre a nossa história, a nossa memória”, revelou.
O superintendente do IPHAN Sergipe, Diego Amarante, falou sobre o trabalho do Instituto em Sergipe. Ele explicou que o órgão é uma autarquia nacional vinculado ao Ministério do Turismo e que representa a preservação do patrimônio cultural brasileiro.
Conforme Diego Amarante, cabe ao IPHAN proteger e promover os bens culturais do país, assegurando a sua permanência e usufruto das gerações futuras. Segundo ele, cada Estado da Federação tem uma Superintendência e vários escritórios. São ao todo, 27 superintendências e 37 escritórios do IPHAN.
“O papel realmente do IPHAN é proteger, preservar e enaltecer para que as próximas gerações possam viver e respirar a cultura que a gente vê e que também aprendeu quando criança”, disse.
O superintendente do IPHAN em Sergipe ressaltou também no Webnário a cultura sergipana. “Costumo dizer que de Norte a Sul de Leste a Oeste do Estado sergipana a gente vai encontrar uma particularidade. Na parte Norte, em Propriá, por exemplo, encontra-se a Canoa de Tolda, uma embarcação que representa a colonização holandesa. Nós só temos no mundo apenas três Canoas de Tolda. Na parte Sul, há o São João de Estância em que os festejos juninos e o forró estão em processo de registro. No Oeste do Estado tem Canindé de São Francisco, que é uma área rica em arqueologia, em sítios arqueológicos; e quando a gente vem para o Leste, que é a região litorânea nós temos a renda irlandesa de Divina Pastora. Isso sem contar com São Cristóvão e Laranjeiras, é uma riqueza muito grande”, salienta.
Ele disse ainda que além dos patrimônios tombados há as áreas urbanas tombadas. “A gente tem também as danças, as comidas típicas”, salientou.
Patrimônios tombados
De acordo com o superintendente, em Sergipe há 27 bens tombados, sendo a maioria igrejas. “Em Aracaju não há nenhum bem tombado. Em São Cristóvão, além dos prédios individuais tombados, existe a área urbana tombada, que representa uma história no país”, ressaltou.
Ele citou a Praça São Francisco como exemplo de área urbana tombada em São Cristóvão, e disse que a praça representa a união entre a Coroa Portuguesa e a Coroa Espanhola. “Aquela praça ali, nós só temos quatro no país, é uma das únicas tombadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O único registro que se tem de uma praça que enaltece a União Ibérica (a Coroa Portuguesa e a Coroa Espanhola) é no Haiti, então é um peso muito grande e uma responsabilidade de perpetuar tudo isso”, revelou.
Diego Amarante afirma também que em relação ao patrimônio imaterial Sergipe tem a renda Irlandesa de Divina Pastora, que é muito bela e enaltecida ao mundo inteiro. “O modo de fazer totalmente diferenciado, muito valorizado, que a gente pode mostrar e dizer que é sergipano, é nosso, é raiz”, disse.
Dentro do leque de patrimônio imaterial ele ainda cita a Literatura de Cordel, o forró, as danças de Laranjeiras, os batuques, o Barco de Fogo, em Estância, a culinária”, salientou.
Preservação do entorno
A Curadora do Memorial da Advocacia Sergipana, Manuella Vergne, destacou a importância da preservação do entorno. “A relevância de você não preservar somente um único prédio, mas o conjunto arquitetônico ao seu redor. Muitas pessoas têm o entendimento, mas elas não têm a conscientização, que aquilo ali faz parte da história dela, da memória dela e que é muito importante ela deixar isso para os seus filhos, os seus netos e bisnetos porque está contando um pouquinho da história dos seus avós, seus bisavós, e da sua história. Quando vou em São Cristóvão e em Laranjeiras observo o conjunto arquitetônico, a preservação do seu entorno no patrimônio. São Cristóvão é um presente mundial, não só nacional, não só sergipano porque é um conjunto arquitetônico preservado dentro do nosso Estado”, pontua.
Ela conclama para que os sergipanos conheçam a riqueza cultural e arquitetônica do Estado. “Muitas pessoas preferem sair de Sergipe para comprar renda em outros Estados sem saber da riqueza da nossa renda, sem saber da técnica que a gente utiliza há décadas. Muitas vezes a gente não olha para o nosso Estado, o nosso município”, afirmou.
Assista o Webnário clicando aqui.