A Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe, realizou virtualmente em dois dias distintos (6 e 13 de outubro) o III Fórum da Pessoa Idosa. Estiveram entre os temas debatidos os impactos e desafios do envelhecimento populacional e a saúde mental e autonomia na terceira idade.
Dia 06
O envelhecimento populacional é uma realidade no país e traz a necessidade de investimentos econômicos, sociais e políticos para amparo à população idosa. Os impactos e desafios do fenômeno foram abordados, no dia 06 de outubro, no III Fórum da Pessoa Idosa.
Idealizado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da OAB Sergipe, o III Fórum contou com as palestras de Raphael Castelo Branco e Deborah Cartagenes, que são, respectivamente, membro e presidente da Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa.
O evento foi pensado também pela Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe, através de sua Comissão Sênior. Segundo a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da OAB/SE, Lenieverson Santana, trata-se de um espaço de suma importância.
“O propósito é elevar e valorizar conhecimentos sobre os direitos das pessoas idosas, trazendo à reflexão o que ainda pode ser aprimorado, para envelhecer com otimismo e respeito”, considerou. Para ela, discutir o envelhecimento populacional é vital para romper estigmas.
“Discutir esse tema é válido também para quebrar tabus, sobretudo para esclarecer àqueles que rotulam a pessoa idosa como seres sem perspectivas na vida, que só dão trabalho e que estão no fim da vida. Envelhecer é processo natural da vida e velhice não é doença”, afirmou.
O presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da OAB/CE e integrante da Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa do CFOAB, Raphael Castelo Branco, ministrou uma explanação sobre os impactos do envelhecimento para o âmbito dos negócios.
Ele explicou o conceito de Silver Economy (Economia Prateada), que abarca todas as atividades econômicas, produtos e serviços destinados a satisfazer as necessidades de pessoas com mais de 50 anos. Isso engloba diversos setores: saúde, bancos, moradia, energia, lazer, etc.
“Hoje já se fala na Silver Economy, que se trata de produtos e serviços voltados ao público de pessoas idosas. O intuito nessa palestra é sensibilizar as pessoas a terem um olhar diferenciado a esse público que tem particularidades e gera oportunidades para todos os segmentos”, disse.
Deborah Cartagenes, presidente da Comissão Nacional do Direito da Pessoa idosa do CFOAB e vice-presidente do Conselho Estadual do Idoso do Maranhão, palestrou sobre aspectos relativos ao processo de envelhecimento, refletindo acerca do papel do Estado e da sociedade.
“Será que estamos preparados para envelhecer e o que estamos fazendo (família, população e Estado) para esse processo e essas consequências do envelhecimento para todo o mundo serem menos impactantes para todos os setores da sociedade?”, indagou Deborah.
“Estudos apontam que daqui há, no máximo, 30 anos, a população mundial será composta mais por pessoas idosas do que por jovens. Por isso é necessário pensar sobre o aumento gradual da expectativa de vida e os impactos para os setores sociais, econômicos e políticos”.
Segundo a palestrante, são inúmeras as ações capazes de diminuir os impactos causados pelo envelhecimento populacional, a exemplo da aplicação das Políticas Públicas voltadas às pessoas idosas e do cumprimento dos direitos e garantias estabelecidos no Estatuto do Idoso.
Dia 13
No último dia de realização do Fórum, a saúde mental e a autonomia na terceira idade foram os assuntos discutidos no evento. A responsável por palestrar sobre o assunto foi a médica geriatra, pós-graduada em Transtornos Neurocognitivos e Demência, Juliana Santana.
“Hoje é mais uma noite memorável dando seguimento ao Fórum idealizado pela CAA/SE e pela OAB/SE. Temos a alegria de estarmos aqui reunidos com a dra. Juliana”, afirmou a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da OAB/SE, Lenieverson Santana.
Juliana Santana deu início à sua palestra reafirmando a importância do tema considerando o atual período pandêmico. “Debater e abordar a saúde mental sempre foi pertinente, mas atualmente, tendo em vista a pandemia, esse tema possui ainda mais importância”, disse.
“O mundo vive um processo de envelhecimento muito rápido. É algo novo chegar na terceira idade. Falamos até na quarta idade”, ponderou. Juliana abalizou que a autonomia e a independência são os dois maiores indicadores de saúde na terceira idade.
“De fato é muito importante a gente estar lúcido e ter consciência de si e do mundo. Mas será que realmente a gente busca isso? Envelhecer bem ou mal é uma questão de escolha. O envelhecimento é um processo natural com perdas e o que podemos fazer para minorá-las?”.
A especialista falou sobre a demência, apresentando dados e ressaltando a imprescindibilidade de a sociedade atentar-se ao fenômeno. “A demência é um conjunto de doenças que comprometem o cognitivo: as funções mentais superiores, como memória, linguagem, etc”.
“A gente realmente precisa de alguma forma ter um trabalho voltado ao idoso que não tem acesso à saúde privada”, citou Juliana. Os dois dias de evento foram transmitidos por intermédio do Youtube e podem ser assistidos através dos links:
https://www.youtube.com/watch?v=GugiGCgJI6A
https://www.youtube.com/watch?v=kTW2Zs2_zXs