A importância de aperfeiçoar-se, tendo em vista a responsabilidade de exercer efetivamente a função social e o múnus público da advocacia, foi o mote alçado nesta sexta-feira, 25, em um evento aberto à classe, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe.
Realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher com o propósito de colaborar para a integração e o aperfeiçoamento da atuação das comissões da entidade , a ocasião promoveu uma série de palestras para interessados em participar da CDDM e comissões afins.
Dando início às explanações, a advogada e trainee de palestra, Flávia Elaine, abordou técnicas para melhor oratória, esclarecendo que, levando em conta a comunicação interpessoal, o tom de voz predomina 38% da apresentação; a fisiologia, 55%; e as palavras, somente 7%.
A especialista defendeu que é necessário dedicar-se ao processo de autoconhecimento. “Saber o seu potencial e identificar forças e fraquezas é vital para evoluir em todas as esferas possíveis, sendo o autoconhecimento uma das principais ferramentas para atingir o sucesso”.
Em seguida, a presidente da CDDM, Adélia Pessoa, falou sobre as funções e operacionalização da Comissão – fortalecida a partir de 2016 através de conquistas e avanços como participação da CDDM no cenário nacional e criação do Plano Estadual de Valorização da Mulher Advogada.
Em uma explanação erguida sob a bandeira da participação, conclamou o desenvolvimento da liderança. “É importante que todas e todos atuem, falem e participem. Vamos sim promover uma transformação. Muito já foi conquistado, mas há muito ainda o que caminhar”, disse.
A advogada e membro da CDDM, Bruna Menezes, proferiu uma explanação sobre a resistência das mulheres, fazendo uma breve abordagem histórica sobre o feminismo em todo o mundo, destacando fatos importantes da luta de gênero contra a violência e pela equidade de direitos.
Bruna apresentou as fases do feminismo ressaltando a resistência contemporânea contra os retrocessos. “Precisamos estar cientes que estamos em uma nova conjuntura política, que poderá bater forte nos direitos da mulheres, como já bateu com a Reforma Trabalhista”.
“O impacto da Reforma Trabalhista no direitos das mulheres foi grande e vimos a resistência das deputadas durante a aprovação da mudança. Foram conquistas muito recentes das mulheres na nossa história. Não podemos perdê-las – o lugar de mulher é na revolução”.
Letícia Rocha, advogada e integrante da Comissão, propôs uma reflexão sobre os lugares de fala e de escuta de cada pessoa, ponderando que a realidade de um indivíduo não é o único parâmetro. Propôs, assim, a compreensão da realidade de cada ser, compreendendo suas decisões.
A militante e pesquisadora explanou acerca do gênero, ponderando que a representação deste é construída socialmente, e esclareceu sobre a interseccionalidade, que trata do modo pelo qual sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam posições relativas de mulheres, raças, etnias, etc.
“Precisamos perceber que as pessoas devem ser respeitadas em sua diversidade”. Letícia concluiu propondo uma análise individual: quais atitudes violentas tenho com outras mulheres? Como tenho apoiado o trabalho e as decisões de outras mulheres? Quão aberta estou para entender outras realidades?
Encerrando o ciclo de palestras, a vice-presidente da CDDM, Valdilene Martins, fez uma análise crítica sobre a efetividade e o real significado do empoderamento. “Ser empoderada não é sentir-se livre para fazer o que quer. O real empoderamento é quando se faz o que quer e não é criticada. Isso a gente não tem. O empoderamento não é individual, é coletivo”, asseverou.
Sob a perspectiva imprescindível da coletividade, Valdilene falou sobre a necessidade de se dedicar para atuar na CDDM, relembrando a importância de desconstrução, conscientização, aprendizado e aperfeiçoamento para o exercício diário da função social da advocacia.
“Nós, enquanto juristas, devemos buscar maneiras para tornar a sociedade melhor. Precisamos estudar para saber o que são os direitos humanos, o feminismo, o machismo, o patriarcado, a misoginia, a diferença entre sexo e gênero e a sororidade”, convocou união.