O tráfico humano é um inimigo silencioso e desconhecido por grande parte da população. Ciente da necessidade de discutir o problema, a Ordem dos Advogados do Brasil, em Sergipe, por meio da Comissão de Direitos Humanos, se somou a campanha “Coração Azul”, realizada pela primeira vez no Estado, sob a organização da ONG Ágatha. Na manhã desta sexta-feira, 28, o presidente da OAB/SE, Henri Clay Andrade, marcou presença no Seminário sobre Tráfico Humano, que encerrou as ações da campanha em Sergipe.
“A luta pelos direitos humanos é uma luta de evolução civilizatória, articulada no pós-guerra e que vem se consolidando no século XXI, ainda que seja uma luta contra majoritária. Nós enfrentamos o preconceito, a desinformação, a despolitização de boa parte da sociedade e a deturpação do que é a defesa dos direitos humanos. Eventos assim mostram que os direitos humanos vão além da defesa ao cumprimento da lei de execuções penais e informam a população sobre um inimigo ainda pouco conhecido: o tráfico de pessoas. Temos as missões históricas de promover esse debate e erguer a bandeira civilizatória da justiça social”, destacou Henri Clay Andrade.
A abertura do seminário contou com palestra dos delegados Ronaldo Marinho (Polícia Civil) e Leonardo PorDeus (Polícia Federal) . Durante a explanação, foram apresentados os dados do tráfico de seres humanos, a legislação que trata sobre o tema e as atividades desenvolvidas pela polícia nesse sentido.
O delegado da polícia civil, Ronaldo Marinho, frisou a importância de sensibilizar a sociedade. “Esse tema só pode ser enfrentado de forma adequada se a sociedade civil participar efetivamente, conhecendo as dimensões do problema e identificando os meios de contribuir nesse trabalho de prevenção para reduzir os índices alarmantes desse crime de viola os direitos fundamentais. Quando falamos de tráfico humano, falamos de uma rede poderosa que envolve dinheiro e possui conexão até no Estado, por isso a presença popular é fundamental nessa somação de esforços”, pontuou.
Para Leonardo PorDeus, delegado da Polícia Federal, o grande trunfo do seminário é mostrar a comunidade que o tráfico humano é uma realidade e merece atenção. “Por ser um tipo penal onde a vítima, após a denúncia, corre o risco de ser revitimizada e estigmatizada, é necessário que ocorra essa divulgação da existência das entidades parceiras que atuam no combate a esse crime. Assim a população toma conhecimento do problema e as entidades se aproximam resultando em trabalho repressivo de maior efetividade”, ressaltou o delgado.
Talita Silva, uma das criadoras da Ágatha, conta como funcionou a campanha em Sergipe. “Realizamos ações durante toda semana, entre elas o stand informativo montado na Praça Fausto Cardoso. Para concluir as atividades, buscamos dentro da região palestrantes com alguma vivência ou estudo relacionado ao tráfico de pessoas para que eles pudessem apresentar a comunidade sergipana, através desse seminário, um retrato desse crime e debatessem formas de prevenção”, explica.
O seminário segue até às 17h desta sexta-feira, no auditório da OAB/SE, com mesa redonda composta pela vice-presidente da Comissão do Direito da Criança e Adolescente da OAB/SE, Acácia Lelis; o presidente em exercício da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SE, Robson Barros; o promotor do Ministério Público do Trabalho em Sergipe, Ricardo Carneiro; a psicóloga Gerciane Barbosa, e a diretora de Direitos Humanos da Secretaria de Assistência Social e Cidadania de Aracaju (SEMASC), Lídia Anjos.