A Escola Superior de Advocacia da OAB/SE, colocou em debate nesta quinta-feira, 11, o hiperencarceramento de crimes não violentos; a ressocialização no sistema penitenciário; o tratamento de dependentes químicos; a legalização da venda de entorpecentes; o trabalho preventivo; o tratamento multidisciplinar e as falhas nos procedimentos de perícia criminal.
Para o coordenador científico de saúde da ESA, Rodrigo Pereira Vasco, a abordagem multidisciplinar das drogas, da saúde pública e do sistema penitenciário é indispensável para aprofundar a discussão e oferecer um tratamento humanizado e de qualidade a quem precisa.
“Esse é um assunto delicado e muito presente na maioria das famílias. Nós ainda temos uma legislação atrasada e a sociedade não debate de forma intensa esse tema. Vivemos crise em cima de crise porque a gente não enfrenta esse problema da maneira que devemos encarar”.
Segundo o advogado criminalista, Evaldo Campos, é necessário mudar o foco. De acordo com Evaldo, as drogas e o sistema carcerário não são questões ligadas apenas à segurança pública. Para ele, são necessárias a efetivação da ressocialização e a implantação de políticas públicas.
“Não há algo mais aterrorizante que o sistema penitenciário brasileiro. A grande escola da criminalidade é o sistema carcerário. Ali se entra como aprendiz e se sai como generalato do crime. O grande problema da violência não é um caso de polícia, é uma questão social”, disse.
De acordo com o terapeuta, Jorge Gomides, o debate é necessário tendo em vista que muitas das pessoas que respondem por algum crime ou estão presas são dependentes químicos.
“Nós julgamos os fatos, mas esquecemos das causas. O cenário em Sergipe é ruim. Não existe assistência aos dependentes químicos. Nós precisamos avançar como alguns dos estados vizinhos, como Maceió e Recife, já avançaram em políticas públicas”, afirmou.