Na noite desta quinta-feira, 23, a presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe – CAASE, Ana Lúcia Aguiar, participou da primeira solenidade de compromisso dos novos advogados realizada em 2017. O evento realizado no auditório do campus Centro da Universidade Tiradentes reuniu 149 novos advogados.
Na oportunidade, a presidente foi a responsável por realizar a saudação oficial aos colegas que passam a integrar a advocacia sergipana, e ressaltou a importância do advogado para a sociedade, que tem como principal missão garantir o acesso à justiça e contribuir para a manutenção do Estado Democrático de Direito.
“Quantas vezes somos um fio de esperança para nossos clientes, que depositam toda sua confiança no nosso trabalho e capacidade de abraçar e defender sua causa. É isso que nos move, que nos leva além na defesa dos direitos, na defesa incontínua das nossas prerrogativas, contribuindo assim para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, destacou Ana Lúcia Aguiar.
Leia a íntegra da saudação proferida pela presidente durante a solenidade:
“A advocacia não é profissão de covardes.
Heráclito Fontoura Sobral Pinto.
Jurista e advogado, apelidado de “Senhor Justiça”, Sobral Pinto ganhou destaque ao lutar contra as injustiças e defender a democracia mesmo em um dos períodos mais obscuros de nossa história, a ditadura militar.
Período este que até os dias atuais insiste em nos assombrar, senão através das baionetas nos quarteis, por meio da toga nos tribunais.
Meus amigos, minhas amigas, bem-vindos à mais que uma profissão, bem-vindos à um verdadeiro sacerdócio.
Cada um de vocês passa agora a desempenhar um importante papel junto à sociedade, no sentido de prestar uma função social, de cuidar dos direitos das pessoas que lhes confiarão seus anseios e problemas. Muitas vezes depositando em vocês, seus advogados, todo a esperança que resta em seu peito, seja em seu anseio por liberdade, seja por um patrimônio que lhes garanta a sobrevivência, seja pelo direito de estar perto de quem se ama. Enfim, o dia a dia da profissão certamente colocará diante de vocês situações desde as mais corriqueiras à mais inusitadas.
Somos o elo entre o cidadão e o efetivo acesso à justiça.
Não é por acaso que nossa lei máxima, a Constituição Federal da República Federativa do Brasil, estabelece que o advogado é indispensável à administração da justiça.
Somos indispensáveis à administração da justiça. Somos indispensáveis à administração da justiça. Somos indispensáveis à administração da justiça. Parece óbvio. Está expresso na Constituição Federal. Mas mesmo assim precisamos viver estas palavras diariamente.
Primeiro reafirmando para nós mesmos. Ora, devemos acreditar em si mesmos. Devemos acreditar em nossa vocação, em nosso múnus. E devemos acreditar em nossa Instituição, a Ordem dos Advogados do Brasil.
Segundo, demonstrando a cada órgão que integram e compõe a prestação jurisdicional. Sem advogado não há justiça. Que cada representante do Ministério Público, da Magistratura, do Poder Executivo e do Judiciário, saiba que ali diante deles está um legítimo representante da advocacia, que não se curva e não se curvará diante arbitrariedade, força ou intimidação.
Martin Luther King Jr. disse uma frase que ficaria famosa “A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar”.
Ora, contra uma injustiça, só resta a advocacia. Sem a intervenção do advogado, não há justiça, sem justiça não há ordenamento jurídico, e sem este não há condições de vida para a pessoa humana.
Diante do momento atual pelo qual atravessa nosso país, em uma verdadeira crise de valores, legitimidade, ética, a responsabilidade de cada um de nós, enquanto advogado e advogada carrega um peso ainda maior.
Eu comecei este discurso com uma frase de Sobral Pinto. Mas eu aprendi na vida que mais vale uma grama de prática, do que uma tonelada de teoria. Por isso que eu gostaria de encerrar, trazendo para este momento um exemplo da postura deste grande jurista.
Em 1955, alguns setores das Forças Armadas tentaram bloquear o direito de Juscelino Kubitschek de candidatar-se à presidência da República. Sobral Pinto, embora também divergisse politicamente do candidato mineiro, fundou a Liga de Defesa da Legalidade, em prol da manutenção dos princípios democráticos no país. Em retribuição, Kubitschek, já empossado, em 1956, convidou-o para ocupar uma cadeira no STF, função que ele recusou prontamente, para deixar claro que não agiu movido por nenhum interesse particular, mas sim pelo mais puro ideal de Justiça.
Meus colegas e minhas colegas. Mais do que advogados e advogadas, é de homens e mulheres com essa coragem e caráter que nosso país precisa. Com o exemplo de Sobral Pinto, o homem que não tinha preço, eu desejo a cada um de vocês às boas vindas à advocacia. Sejam todos bem-vindos à Ordem dos Advogados do Brasil”.
Ana Lúcia Aguiar – presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe.