Na manhã desta sexta-feira, 21, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Sergipe – OAB/SE, através da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SE, promoveu um debate sobre a descolonização curricular e os caminhos para superação do racismo religioso em sala de aula. O objetivo principal do encontro foi discutir a educação de Filosofia Africana no ensino médio.
“Essa temática trata da aplicação da Lei nº 10.639/2013, que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional na inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino do Brasil a obrigatoriedade da matéria que destaca a ‘História e Cultura Afro-Brasileira’. A discussão se faz importante na medida em que provocamos a reflexão e buscamos alternativas para que essas diretrizes sejam aplicadas na prática, algo que hoje, ainda não ocorre com a intensidade estabelecida pela lei. Ao falar sobre cultura Afro-Brasileira e superação do racismo religioso estamos provocando nos estudantes não somente conhecimento, mas respeito às diferenças, autoestima e a redução da violência e intolerância na sala da aula”, destacou a presidente da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SE, Kellen Muniz.
O evento realizado na sala da Escola Superior de Advocacia de Sergipe – ESA teve como palestrantes Luís Thiago, que é doutorando e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná e autor do livro “Descolonização Curricular: a Filosofia Africana no Ensino Médio”, e Fernando Aguiar, que é doutor em Educação pelo Núcleo de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe – UFS, e possui mestrado em História Social pela Universidade Federal da Bahia.
Para Luís Thiago, a realidade revela uma necessidade muito maior do envolvimento de professores e diretores para que a Filosofia Africana não fique à margem da grade curricular. “A elaboração da lei para que essa temática seja algo presente nas salas de aula de todo o país foi um grande avanço. Mas, com o passar do tempo percebemos que se não houver empenho e engajamento dos agentes envolvidos diretamente no processo educacional, o ensino da Filosofia Africana em todos os seus aspectos, se tornou apático. Por isso é importante reunir todos, professores, diretores, secretários, e os estudantes, já que é através do debate que encontramos caminhos para intensificar ações e colocar novamente no centro das atenções essa temática que faz parte da história, da origem do nosso país”, ressaltou.
“Infelizmente, a intolerância religiosa ainda é presente em nossa sociedade, principalmente, no que se refere às religiões de matrizes africanas. E é nas salas de aula de todo o país e não só em Sergipe, que devemos manter na rotina a temática da Filosofia Africana, pois é somente através do conhecimento que desmistificamos algo, que nos aprofundamos, e conseguimos ver a fundo o valor histórico, cultural, social, econômico e outros mais. Somente assim chegaremos a um nível de respeito às diferenças e menos intolerância”, afirmou o professor Fernando Aguiar.
Em Sergipe, práticas para o estudo e promoção do conhecimento neste sentido vêm sendo realizadas através Serviço de Educação e Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Educação – SEED. “Desde 2015 estamos desenvolvendo um trabalho intensivo para disseminar e dar continuidade de forma efetiva sobre o ensino da Filosofia Africana. Estamos envolvendo não somente os educadores, mas os movimentos sociais que têm nos procurado e com isso estamos avançando. Diante do que estamos identificando ao longo dos projetos e encontros, percebemos que há uma necessidade de avançar muito mais neste sentido e estamos em busca desse objetivo. O mais importante é estar atento ao que a sociedade tem demandado para que a escola seja de fato um espaço democrático de direito”, enfatizou o assessor técnico da SEED, Pedro de Santana Santos.